35 horas em Abu Dhabi

Até que aconteça com você, é difícil entender a frustração envolvida na perda de um voo. Sentimentos confusos afloram, simultaneamente. Desespero. Vergonha. Raiva. Arrependimento. Resignação. Cansaço. Pressa. O mais certo é que ver o avião, no qual você deveria estar, decolar na sua frente, com você fora dele, se compara à experiência de ser esquecida na escola. Você vê todos os coleguinhas indo embora com seus pais. Merendeiras vazias, uniformes sujos e uma criança feliz que volta pra casa. Menos você. E à maneira de uma criança, você tem vontade de bater em alguém, de chorar porque ficou sozinha e de se esconder de vergonha e embaraço diante das pessoas que estão ao redor vendo todas as emoções transparentes por suas expressões e gestos.

Correr foi minha primeira e única reação. Corri um terminal e meio até o guichê da Etihad Airways. Corri como se o avião pudesse fazer meia volta pra me buscar. Cheguei suada e arfante para pedir assistência, mas o funcionário da companhia me olhou sem qualquer traço de compaixão. Disse, sem cerimônia ou carinho, que só haveria outro voo de Abu Dhabi pra São Paulo na manhã seguinte, ou seja, 24 horas depois. “Só existe um voo desses por dia, senhora”, ele me informou com o rosto inexpressivo. Levantou-se para verificar com outro funcionário a possibilidade de emitirem outro cartão de embarque pra mim. Os dois me olhavam, de soslaio, como fazia a diretora do jardim de infância quando eu comia areia do parquinho: um misto de recriminação com pena. Me vi sozinha no balcão, derrotada, e fiz o que qualquer adulto exausto teria feito em meu lugar: chorei. Chorei ali em pé, sozinha, sem superego. O funcionário retornou com um cartão de embarque e permaneceu inabalável diante de minhas lágrimas incontidas e balbúrdias indecifráveis. Me passou o novo cartão de embarque. “E minhas malas?”, perguntei quase me desculpando. “Elas foram retiradas. Estão aqui no aeroporto e serão transferidas pro voo de amanhã”.

Eu havia chegado no Aeroporto Internacional de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, na noite anterior num voo vindo de Kathmandu, Nepal. Chegara na madrugada de 24 para 25 de dezembro. Conforme feito na ida, reservei uma vaga nos sleeping pods, um serviço oferecido por uma empresa pra tornar menos desconfortável a estadia dos passageiros com longas conexões nos halls do aeroporto. Só existe um hotel (caro) dentro do aeroporto, e muitos passaportes requerem visto para sair. O passaporte brasileiro é um deles. Tratando-se de uma noite – tanto na ida quanto na volta –, optei pelas cápsulas do sono. Mais barato, mais simples e menos confortável, mas ainda assim muito superior a uma cadeira ou ao chão.

As cápsulas têm um aspecto de câmara de criogenia de um filme de ficção científica. Você deixa sua bolsa de mão embaixo do estofado e já entra deitando. Uma tampa de escotilha escorrega da sua cabeça até seus pés, fechando o casulo. Ali dentro têm tomadas pra carregar celulares e computadores e só. As cerca de 30 cápsulas ficam todas numa salinha refrigerada, perto do desembarque, e os passageiros entram e saem em alternância para desfrutarem de suas horas pagas para horizontalizar o corpo. Uma funcionária fica com seu cartão de embarque, na entrada da sala, e te chama com antecedência para que você levante e chegue a tempo do seu voo.

“Estou uma hora atrasada, meu voo demorou. Mas eu paguei por 8 horas”, me expliquei com a atendente que me recebeu na véspera de Natal, quando cheguei em Abu Dhabi. Já era madrugada. O aeroporto estava vazio e sonolento. Eu já tinha pagado, mas estava perdendo uma hora de sono/dinheiro. “Não tem problema, porque seu voo amanhã para São Paulo foi adiado em uma hora também, então você pode dormir mais. Vai dar na mesma”, me disse a funcionária e porteira do sono. Agradeci e fui dormir. Dentro do casulo, tomei metade de outra cápsula de sono – um dramin – e num piscar de olhos já era manhã. Saí sem pressa pra tomar um café. Eu estava com tempo, então me direcionei com calma ao portão 34. Era a hora exata marcada para o início do embarque, ou seja, uma hora antes da decolagem, mas encontrei todas as cadeiras em frente ao portão vazias. Achei estranho. Um homem pequeno aspirava o carpete. Na pequena tela, havia um voo para Seul anunciado. Um cubo de gelo desceu pela minha coluna. Perguntei ao funcionário de terno se o voo pra São Paulo havia mudado de portão. Ele me olhou em silêncio. Sem pena nem crueldade. Apenas virou-se pra janela e com o dedo indicador em riste apontou, lá fora. Um avião estava na pista. O sol cegava. “Aquele é o voo para São Paulo”, disse, e voltou à contagem de cartões de embarque em suas mãos. Senti a vida escorrer de mim pelo suor nas palmas da minhas mãos. Engoli todas as palavras que não tinham a quem serem ditas. E corri.

Vencida, voltei ao local onde meus problemas haviam começado. Deixei o guichê da Etihad e decidi descarregar toda minha frustração natalina nos mercadores do sono. A atendente das cápsulas não era a mesma que havia falhado em me acordar na hora certa aquela manhã, mas tomei a parte pelo todo e transformei a vida dela num inferno nas duas horas subsequentes. Ninguém queria assumir responsabilidade pelo erro, todo mundo tem medo de perder o emprego. E eu entendi. No íntimo, até me solidarizei. Não sei de sua história, de como ela foi parar ali, do que estava em jogo. Então ligamos – por insistência e obtusidade minha – para o proprietário, que passava seu Natal, feliz e contente, em família, lá na Alemanha. Fiz um jogo sujo. Menos por estratégia que por fraqueza. Eu já não conseguia mais parar de chorar. Tinha chegado àquele ponto em que as lágrimas contidas do passado pegam carona na abertura das portas lacrimais do presente e deixam a boiada toda passar. Além disso, eu não tinha pressa. Tinha 24 horas de ociosidade pela frente. Brigar com o alemão por telefone era parte da distração. E também, eu precisava de algum senso de justiça. Consegui, ao menos, não pagar nada por minha detenção involuntária no Oriente Médio: o alemão assumiu todos os meus custos em Abu Dhabi (cápsulas do sono ilimitadas pra mim, o dia todo, e vouchers de alimentação). Não era muito. Mas em meu torpor provocado pela clausura em ares refrigerados, entendi que havia ganho aquela batalha. Cada um tem seus delírios e eu me apeguei ao meu.

No total, foram 35 horas dentro do aeroporto de Abu Dhabi. Cogitei um passeio, mas o visto custaria quase US$100 e demoraria horas pra ficar pronto. Fiz tudo que havia disponível para ser feito ali dentro sem gastar dinheiro. Fiz todas as refeições com os vouchers da Etihad. Passei em todas as lojas do duty free. Li. Ouvi todos os podcasts que estavam acumulados. Fiz longas caminhadas pelos três terminais do aeroporto a que tinha acesso. Tracei uma rota de ida e volta que demorava 40 minutos para ser cumprida. Completei quatro rotas durante a tarde.

Também tomei banho na ducha ao lado da mesquita. Confesso, com certa ostentação, que esse foi o melhor momento do dia. No meu kit de viajante aéreo nunca faltam: máscara e tampões de ouvido para dormir, música e fone, livro e calcinha. E naquela conjuntura, trocar de calcinha foi um novo batismo. O momento em que o herói veste o uniforme pela primeira vez e sabe o que fazer. Não sabia o que fazer com meu tempo livre, mas recobrei um pouquinho da minha dignidade e, assim, da minha identidade. Uma vez limpa, conversei com amigos no Skype. E também com tantos outros passageiros, sempre de passagem. Todos, eventualmente, partiam, menos eu. Passei então a colegar com os funcionários do aeroporto, acreditando, assim, aumentar minhas chances de entretenimento. Mas uma hora até eles iam embora.

Lá fora, um mundo de areia e sol, um deserto habitado e urbanizado. Ao longe avistava andaimes e guindastes, sinais de um país em obras e desenvolvimento. Aqui dentro, vivíamos a vida na colmeia, onde não há dia ou noite. Como os casinos de Las Vegas, sem relógios ou janelas, sem indícios do nascer e do por do sol. Em meus delírios lost in translation, ponderei que quando colonizarmos outros planetas onde o ar não for respirável, a colonização deixará nossas vidas como a de um terminal de aeroporto. Cantarolei Space Oddity, do Bowie, incontáveis vezes pra mim mesma enquanto passava pela décima vez pelo raio x. Ar condicionado, luz equilibrada em todos os ambientes, pessoas de todos os lugares do mundo, em trânsito, ninguém é dali. Nem os funcionários do aeroporto. Muitos africanos de diferentes fenótipos, mas também nepaleses e coreanos. Todos do mesmo planeta Terra, mas se estivéssemos em um dos episódios de Star Wars, cada um viria de uma constelação e de um sistema solar distinto.

Lá fora, eu sei pelo que leio, há trabalho escravo, condições indignas de vida e uma desigualdade social que deixa o Brasil bem na fita. Como Tatooine, o planeta deserto de Luke Skywalker. Do lado de dentro, um mundo fictício decorado com perfumes Dior, bolsas Chanel, óculos Ray Ban, echarpes Hermès e passageiros que só viajam de primeira classe. A desigualdade e a grande sacanagem internacional compactuada por todos nós. Mais conhecida que a peruca do Zacarias, que a perna mecânica do Roberto Carlos. Talvez eu estivesse muito sensibilizada pelo cansaço, pelo tédio, pela vontade de chegar em casa. Talvez fosse o número de horas respirando ar refrigerado. Talvez fosse o espírito do Natal, que veio e se foi antes que eu saísse do aeroporto. Um Natal em terras árabes, rodeada de imigrantes budistas.

Na manhã seguinte, prestes a embarcar, recebo uma mensagem de Karim, o jovem funcionário marroquino que na noite anterior havia me ajudado a encontrar a ducha. Ele voltara pra casa e pela manhã já estava de volta ao aeroporto pro novo turno. “Seu voo sai do portão 4. Não perca esse!”. Cansada demais pra euforia, me vi apenas aliviada diante da perspectiva de passar 15 horas num avião até São Paulo. Na fila de embarque, conversei com uns brasileiros. Eles falavam mal do aeroporto de Abu Dhabi, menos chique que o de Dubai. Assunto chato; deixei-os rapidamente. Afinal, eles eram entusiastas da tal sacanagem internacional sobre a qual eu delirava horas antes.

No longo, longo retorno até minha casa na Vila Madalena, ainda tive um voo tenebroso, com turbulências fortíssimas e duradouras. Com uma espécie de intoxicação alimentar, vomitei duas vezes durante a travessia, pra surpresa e desgosto meu e do meu belo companheiro de poltrona, um italiano chamado Cláudio. Cheguei em casa exausta, com apenas uma troca de calcinha e sem a menor noção de espaço-tempo. Ainda era de dia em São Paulo, culpa do relógio que andou pra trás e do horário de verão, mas eu havia saído do meu hotel, em Kathmandu, três dias atrás. Naquela noite, dormi na minha cama e na manhã seguinte peguei um ônibus pra uma viagem do dia todo até minha terrinha, em Minas, dois dias depois do fim do Natal.

Ingenuamente, pensei ser o fim da aventura. Mas a verdadeira corrida com obstáculos apenas começava. A maratona de vida e morte, de amor e tristeza, de perdas e ganhos, de muita carência de sono. Por sorte, coincidência ou destino, eu acabara de retornar de Nepal. Toda a tranquilidade pós-férias que meu semblante esbanjava no dia em que deixei os Himalaias estava em algum lugar dentro de mim, me dando suporte. Eu não via, mas sentia. Não tinha mais as marcas vermelhas na testa, nem o cheiro de incenso, mas as águas do meu oceano interno eram calmas quando ao meu redor as ondas eram dantescas. Segundo aprendi lá, ninguém vai parar aos pés de Boudhanath Stupa, o maior templo budista fora do Tibete, por acaso.

Pensei em outras viagens, poderosas, que terminaram com provações bem concretas. A greve dos controladores aéreos quando terminei o Caminho de Santiago de Compostela me veio à memória, seguida do retorno ao Brasil em meio às manifestações de junho de 2013. A impotência diante de uma situação pode ser concomitante ao poder de escolha que temos de ajustar a visão e de enxergar os pepinos como golpes de fortuna. Quem já foi esquecido na escola quando criança sabe do que eu estou falando. Afinal, ninguém sabe muito bem o que está fazendo. A gente inventa enquanto vai vivendo. E talvez essa tenha sido a força que me levou e me trouxe de volta do Nepal.

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Boudhanath Stupa, Kathmandu, Nepal (dezembro 2014)                            Photo by Maria Bitarello

 

David Alan Harvey vai à praia

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Na sexta-feira 13 que antecedeu o carnaval desse ano, passei uma tarde com o fotógrafo David Alan Harvey na praia, no Rio de Janeiro. O que segue abaixo são fotos feitas nesse dia e algumas perguntas respondidas por ele.

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Você tenta intencionalmente evitar a reprodução de estereótipos e clichês em suas fotos?
Eu também fotografo clichês, só não publico. Estou tentando chegar na essência das pessoas para além do que está visível. Não sei bem como eu faço isso, mas sim, é intencional. A maioria das pessoas que eu fotografo, eu já passei algum tempo conversando com elas. Eu tenho uma ou outra foto aleatória tirada nas ruas no estilo Cartier-Bresson, que era o que eu queria fazer no início, mas aí eu percebi que desfruto de estar com as pessoas. Então eu me proponho a conhecê-las. Eu passo tempo nos mesmos lugares, vejo as mesmas pessoas de novo, várias vezes. Eu as estudo como um ator faria com seu personagem. Atores naturais da vida real. Eles estão em toda parte. Aqui mesmo, agora. Alguém aqui é mais interessante que outro. Algumas pessoas são simplesmente mais expressivas. Não sei porque, só sinto.

A maioria do que vocês gostam de saber sobre as fotografias se encaixam na categoria do inexplicável. E a verdade é que eu nem gosto de pensar demais sobre isso. Eu não fico conversando ou racionalizando o trabalho durante o processo também. Eu vou pra rua. Entro no embalo e vou. É quase como um relacionamento. Eu não sei se vai durar pra sempre, se vai acabar amanhã. Mas enquanto tá rolando eu não questiono. É um processo difícil de explicar. Semelhante à musa de inspiração pra qualquer artista: pintores, escritores, eles sempre tiveram musas. Eu sou como eles.

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E nessa busca pela essência você acredita que as pessoas são, no íntimo, parecidas?
Você respondeu à sua própria pergunta. Em qualquer lugar do mundo em que você for, se você tirar fora religião, política, língua, o que sobram são pessoas. Com as mesmas emoções. Por um lado, todos são diferentes, singulares. Mas algumas características da natureza humana são as mesmas, em toda parte. Tirando fora as roupas tradicionais, as religiões e o que mais houver, lá no fundo você encontra as mesmas pessoas que moram no quarteirão onde eu moro. Ou minha família.

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Então por que fotografar o diferente? Por que não fotografar o similar?
Não tenho nada contra pessoas como eu, mas sempre me atraí mais pelos descendentes de africanos, desde o meu primeiro projeto longe de casa. E eu aprendi a me relacionar e conviver com os negros bem cedo, com sua cultura e forma de viver. Eu sempre acabava fazendo trabalhos com comunidades indígenas ou negras. Eu me atraio pela música, pelo estilo de vida: fui sendo puxado pra eles.

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Como é essa história da musa?
Eu tive duas musas em toda a minha vida, ambas nos últimos quatro anos. Sempre tenho que me sentir apaixonado pra conseguir trabalhar. Houveram outras musas, mas elas não eram necessariamente fotografadas. Eu tive namoradas que não eram musas. Minhas musas, então, costumam ser pessoas com as quais eu não estou me relacionando, não são minhas namoradas. Elas existem pra mim no lugar de criação artística.

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Você tem uma predileção por fotografar mulheres?
Eu sempre valorizei a opinião das mulheres, em tudo. Eu preciso delas pra me botarem pra frente, de uma forma ou de outra. E tudo começou com minha mãe. Deve ser por isso que eu gosto de fotografá-las. As pessoas distorcem essa história de um jeito que eu não gosto. E isso ou é porque elas nunca conversaram com as mulheres que eu fotografo ou porque eles nunca presenciaram como eu as fotografo.

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E por que você acha que as pessoas confiam em você e te deixam chegar perto?
Acho que nunca fui rejeitado por um grupo político ou social com o qual quis trabalhar. E eu já trabalhei com todo tipo de gente: de direita, de esquerda, de tudo. E dá certo porque eu não julgo ninguém, em primeiro lugar. Eu não tô ali pra julgar ninguém. E, ao mesmo tempo, não sei retratá-los mal. Eu já até tentei fazer sátira, mas não é minha praia. Até queria saber fazer isso melhor, só que agora já é meio tarde demais. No fim, eu deixo todo mundo bem na fita. E as pessoas percebem que eu não tenho motivações políticas ou sociais, que eu não quero que eles façam nada pra mim. Só sou curioso. E documento isso. Uma parte é bem documentário, e outra transborda pro lado artístico, que me interessa muito mais que o jornalístico.

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Tanto seu público quanto aqueles que você fotografa parecem ser, majoritariamente, jovens. É isso mesmo?
Minha audiência não tem ninguém da minha idade. E eu não me identifico com as pessoas da minha idade mesmo, então tudo bem. Tenho 70 anos. A galera que trabalha comigo tem vinte e poucos anos. Acho o povo de 45 anos de hoje muito velho. De verdade.

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Você prefere os jovens por alguma razão?
É uma relação simbiótica. Os jovens trazem mais energia que os mais velhos. Não tem relação com a idade, mas, com o tempo, muita gente fica cínica, acomodada e se recusa a mudar. Então com os jovens eu me sinto mais eu mesmo. Muito mais do que com as pessoas da minha idade. Eu teria que ficar me explicando o tempo todo, e isso seria exaustivo. Com os mais jovens eu só preciso falar uma vez, eles entendem e estão prontos pra me acompanhar. Porque eles ainda são idealistas! Eu também. Sou completamente idealista. Sou um sonhador.

Mas também sou engenhoso. Uso o lado direito do cérebro pra tudo que é paixão e criatividade, mas também posso virar a chave e ficar tipo: vamos fazer isso aqui acontecer! Eu concretizo. Então eu sou um sonhador no princípio e prático no final. E pra tudo aquilo que eu não sei fazer – que é muita coisa – eu conto com uma equipe de pessoas pra me ajudar. Tenho equipes em diferentes países pra me ajudar.

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E o lado direito do cérebro, como opera?
Sou muito intuitivo e festeiro. A festa é parte do trabalho. Só assim eu consigo. E milagres acontecem comigo. Não é muita gente que tem essa sorte que eu tenho. Eu negava a sorte antes. Achava que era tudo fruto de trabalho. Mas agora eu só concordo. Sou sortudo mesmo.

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Essa visão romantizada do fotógrafo como observador nômade… você corrobora?
As viagens nunca foram o aspecto da fotografia que me atraía, ao contrário de muita gente. Isso meio que aconteceu. Porque o jeito que eu arrumei de ganhar dinheiro e mandar meus filhos pra universidade foi trabalhando pra National Geographic. E eu sou grato por isso, porque foi ali que eu tive minha verdadeira instrução em fotografia. Mas eu não gosto de viajar; gosto de estar nos lugares.

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Fotos e entrevista por Maria Bitarello.
* Outra versão dessa entrevista foi publicada no blog da Design de Causas.