
A genialidade está no narrador. O marido enciumado. Corno. Ou paranoico. Perspicaz ou injusto. Não sabemos quem são, de fato, os outros personagens ou o que acontece sob outro ponto de vista. Tudo o que temos é o relato em primeira pessoa de Bentinho. O narrador no qual não podemos confiar. Quem é Capitu, realmente? Estamos condenados a ler e reler o relato de um casmurro, um encucado. E a cada leitura, novas teorias. “Será?”. “E se…?” Bentinho personifica o arquétipo do narrador tendencioso, posto que consumido pela paixão do ciúme, pela desconfiança. Um mito recontado através de culturas e eras. Sem isso, “Dom Casmurro” não seria um clássico, não teria sobrevivido ao tempo. A dúvida é o grande motor do livro. Uma dúvida que vira certeza.
Texto completo na coluna Gaveta Azul no site da Revista Philos.