Narradora: dúvida | certeza

A genialidade está no narrador. O marido enciumado. Corno. Ou paranoico. Perspicaz ou injusto. Não sabemos quem são, de fato, os outros personagens ou o que acontece sob outro ponto de vista. Tudo o que temos é o relato em primeira pessoa de Bentinho. O narrador no qual não podemos confiar. Quem é Capitu, realmente? Estamos condenados a ler e reler o relato de um casmurro, um encucado. E a cada leitura, novas teorias. “Será?”. “E se…?” Bentinho personifica o arquétipo do narrador tendencioso, posto que consumido pela paixão do ciúme, pela desconfiança. Um mito recontado através de culturas e eras. Sem isso, “Dom Casmurro” não seria um clássico, não teria sobrevivido ao tempo. A dúvida é o grande motor do livro. Uma dúvida que vira certeza.

Texto completo na coluna Gaveta Azul no site da Revista Philos.

Casa na praia

ilustração: Maria Bitarello

O povoado, a praia, o rio. Um pequeno trajeto de balsa até lá. Gente fazendo a travessia cotidianamente. Havia internet, mas a sensação era de bolha, de isolamento. O mar tocava o horizonte infinito. O céu inteiro. As profundezas das águas, a salgada e a doce. A faixa de areia, nunca percorrida até o fim. A extensão do mangue e suas raízes – aparentes quando a maré descia; submersas, quando subia. Pássaros, frutas, gatos, camundongos, cachorros, aranhas, besouros, formigas, peixes, lagartixas, siris, pernilongos. A mata fechava-se em torno da casinha em diferentes texturas e tons de verde, marrom e amarelo. A umidade. As nuvens. As chuvas.

Texto completo na coluna Gaveta Azul no site da Revista Philos.